Escrevo para vos desejar, aos resistentes leitores deste blog que tem duas velocidades, devagar e parado, um bom Natal, com muitos presentinhos nesses sapatinhos, com boas comidas, bons afectos, boas conversas e muito calor, dentro das casas e dentro de vós.
Como sabem, o Natal é época de eleição para mim...
Happy Xmas!
quinta-feira, dezembro 20, 2007
quinta-feira, outubro 18, 2007
Triste Fado
Diz, quem sabe, que "O fado nasceu um dia,/ quando o vento mal bulia/ e o céu o mar prolongava,/ na amurada dum veleiro,/ no peito dum marinheiro/ que, estando triste, cantava". Em mim, o fado nasceu do querer e não ter, nasceu de uma existência pequena demais para uma consciência que teimava, dolorosamente, em sair. Nasceu de uma Lisboa, aguarela de fim-de-tarde, de um amarelo dourado abraçando o tejo. Nasceu de uma tristeza intrínseca que se enamorou por uma voz que a espelhava, escape que a vida não acalentava, expressão que as palavras, só por si, não permitiam.
Na rua do Capelão, imersa na dor da distância, alguém fez uma jura: "Se o meu amor vier cedinho,/ eu beijo as pedras do chão/ que ele pisar no caminho.", tão sincera, tão desesperada que não era possível não a ouvir, por mais ensurdecedora que fosse a azáfama à volta. Afinal, "todos nós temos Amália na voz/ e temos na sua voz/ a voz de todos nós"...
quarta-feira, outubro 03, 2007
segunda-feira, outubro 01, 2007
segunda-feira, setembro 10, 2007
O bacalhau da discórdia
Sempre gostei desta estória. Não se aplica exclusivamente ao sistema conjugal. Creio que é abrangente às relações humanas. Quanto maior a intimidade, maior a probabilidade de se verificar.
Caricaturando com o exemplo da mulher que «pensa que sabe» que o marido adora bacalhau, porque nos primeiros tempos de casados fez grandes elogios ao «seu» bacalhau com natas. Ao longo dos 20 anos de casados «foi-lhe fazendo», frequentemente, pratos de bacalhau. Até que um dia, no meio de uma discussão, o marido explode: "Estou farto de tudo, principalmente de bacalhau"; resposta da mulher: "Mas tu adoras bacalhau, que eu sei; dizes isso só para me aborreceres!"; surpresa do marido: "Adoro?! Detesto, sempre detestei!"; ela: "Mas nunca o disseste, nunca te queixaste..."; ele: "Não te queria contrariar nos teus gostos: achava que quem adorava bacalhau eras tu!"; conclusão da mulher: "Pois então fica sabendo que também eu detesto bacalhau. Comi-o muitas vezes, todos estes anos, para te agradar!".
in Relvas, "O Ciclo Vital da Família - Perspectiva Sistémica"
Este tipo de equívoco comunicacional (A não-comunicação na comunicação) tem tanto de humor como de inevitabilidade. Tomar consciência deste fenómeno e contrariá-lo faz de nós pessoas mais adaptadas ao que os outros esperam que façamos.
Bottom line: Comuniquem, não tenham medo de se repetir.
Caricaturando com o exemplo da mulher que «pensa que sabe» que o marido adora bacalhau, porque nos primeiros tempos de casados fez grandes elogios ao «seu» bacalhau com natas. Ao longo dos 20 anos de casados «foi-lhe fazendo», frequentemente, pratos de bacalhau. Até que um dia, no meio de uma discussão, o marido explode: "Estou farto de tudo, principalmente de bacalhau"; resposta da mulher: "Mas tu adoras bacalhau, que eu sei; dizes isso só para me aborreceres!"; surpresa do marido: "Adoro?! Detesto, sempre detestei!"; ela: "Mas nunca o disseste, nunca te queixaste..."; ele: "Não te queria contrariar nos teus gostos: achava que quem adorava bacalhau eras tu!"; conclusão da mulher: "Pois então fica sabendo que também eu detesto bacalhau. Comi-o muitas vezes, todos estes anos, para te agradar!".
in Relvas, "O Ciclo Vital da Família - Perspectiva Sistémica"
Este tipo de equívoco comunicacional (A não-comunicação na comunicação) tem tanto de humor como de inevitabilidade. Tomar consciência deste fenómeno e contrariá-lo faz de nós pessoas mais adaptadas ao que os outros esperam que façamos.
Bottom line: Comuniquem, não tenham medo de se repetir.
terça-feira, julho 24, 2007
Tempos de "velhos do restelo"
"(...) O que cumpre afirmar, pelo contrário, é que os alfacinhas, sem qualquer hesitação, depois de analisarem com cuidado todos os programas e todos os candidatos, decidiram actuar em consciência.
Vejamos o que diziam esses programas e esses candidatos:
a) Que Lisboa tem sido mal governada e está, neste momento, à beira da bancarrota;
b) Que Lisboa não tem espaços verdes suficientes, pelo que é uma cidade poluída e suja;
c) Que Lisboa tem um urbanismo desastroso, desarrumado e caótico que demorará gerações a rectificar;
d) Que Lisboa tem uma gatunagem terrível e que é preciso mais polícia e mais segurança;
e) Que Lisboa tem demasiadas casas devolutas e que ninguém lá quer viver por ser demasiado cara;
f) Que Lisboa tem injustiças sociais flagrantes que urge corrigir sob pena de se aumentar, ainda mais, a insegurança;
g) Que Lisboa tem obras piores que as de Santo Engrácia, como, por exemplo, as do Metro do Terreiro do Paço;
h) Que Lisboa tem lá o Governo de que ninguém gosta.
Ora, face a isto - e crendo os lisboetas que todos, sem excepção, como cumpre aos políticos, apenas lhe diziam a verdade - que restava a um cidadão consciente fazer?
a) Votar no Costa e reforçar a presença do Governo?
b) Votar no Carmona e reforçar o descalabro financeiro?
c) Votar no Negrão e recear a bancarrota?
d) Votar na Roseta e permitir mais insegurança?
e) Votar no Ruben e temer a revolução?
f) Votar no Zé e apostar no embargo?
g) Votar no Telmo e arriscar-se a não ver nada?
h) Votar num pequeno partido e desperdiçar um voto?
Ou, a única, verdadeira e clara hipótese de recusar a situação absurda e sem saída em que caímos - fugir para longe e esperar que a crise passe?
Pois foi esta última a solução escolhida pela maioria dos lisboetas. Fugir da bancarrota, da poluição, do mau urbanismo, da insegurança, do custo de vida, da desigualdade, das obras inacabadas, do Governo e da oposição!
Quem pode levar a mal tal escolha?
Quem pode condenar tal sageza?
A felicidade, como deves saber, caríssimo novel presidente da Câmara, é o que qualquer humano almeja. A felicidade não deve ser negada. E, tendo em vista os resultados, todos os lisboetas que não votaram tiveram, ao menos, esse dia feliz."
Comendador Marques de Correia
In Única/ Expresso nº1812 de 21 de Julho de 2007
Vejamos o que diziam esses programas e esses candidatos:
a) Que Lisboa tem sido mal governada e está, neste momento, à beira da bancarrota;
b) Que Lisboa não tem espaços verdes suficientes, pelo que é uma cidade poluída e suja;
c) Que Lisboa tem um urbanismo desastroso, desarrumado e caótico que demorará gerações a rectificar;
d) Que Lisboa tem uma gatunagem terrível e que é preciso mais polícia e mais segurança;
e) Que Lisboa tem demasiadas casas devolutas e que ninguém lá quer viver por ser demasiado cara;
f) Que Lisboa tem injustiças sociais flagrantes que urge corrigir sob pena de se aumentar, ainda mais, a insegurança;
g) Que Lisboa tem obras piores que as de Santo Engrácia, como, por exemplo, as do Metro do Terreiro do Paço;
h) Que Lisboa tem lá o Governo de que ninguém gosta.
Ora, face a isto - e crendo os lisboetas que todos, sem excepção, como cumpre aos políticos, apenas lhe diziam a verdade - que restava a um cidadão consciente fazer?
a) Votar no Costa e reforçar a presença do Governo?
b) Votar no Carmona e reforçar o descalabro financeiro?
c) Votar no Negrão e recear a bancarrota?
d) Votar na Roseta e permitir mais insegurança?
e) Votar no Ruben e temer a revolução?
f) Votar no Zé e apostar no embargo?
g) Votar no Telmo e arriscar-se a não ver nada?
h) Votar num pequeno partido e desperdiçar um voto?
Ou, a única, verdadeira e clara hipótese de recusar a situação absurda e sem saída em que caímos - fugir para longe e esperar que a crise passe?
Pois foi esta última a solução escolhida pela maioria dos lisboetas. Fugir da bancarrota, da poluição, do mau urbanismo, da insegurança, do custo de vida, da desigualdade, das obras inacabadas, do Governo e da oposição!
Quem pode levar a mal tal escolha?
Quem pode condenar tal sageza?
A felicidade, como deves saber, caríssimo novel presidente da Câmara, é o que qualquer humano almeja. A felicidade não deve ser negada. E, tendo em vista os resultados, todos os lisboetas que não votaram tiveram, ao menos, esse dia feliz."
Comendador Marques de Correia
In Única/ Expresso nº1812 de 21 de Julho de 2007
segunda-feira, julho 16, 2007
Segunda-feira
Não pares para pensar. Vive à margem daquilo que, realmente, és. Se o fizeres, se parares, passam-te à frente, aqueles que não o fazem. Se o fizeres, sê rápido! Sem introspecção, os momentos vão acumulando, mais e mais e mais. Com sorte os do princípio da pilha que criaste são esmagados pelos posteriores. Sem sorte descompensas, és levado no turbilhão de quem és. Largas o leme, demasiado pesado, já não viras. Sê autómato, restringe-te aos momentos de felicidade, rápidos e efémeros, intervalos na continuidade da existência. Não pares para os gozar! Ficas para trás... Não tentes ver a teia por trás daquilo que és, de onde és, ou como és. Quem o fez viu-se à margem, foi idolatrado fora do seu tempo, morreu, às vezes literalmente, outras figurativamente. Que ténue a linha da felicidade relativa! Caminho estreito o da vivência feliz. Cuidado, não te desequilibres... podes cair.
quarta-feira, julho 11, 2007
terça-feira, maio 15, 2007
quinta-feira, maio 10, 2007
O cheiro
O pó do giz desce lentamente, percorrendo a distância da letra ao suporte do apagador. Cheira a plasticina e a cola.
O cheiro pejado de sentimentos ambíguos abre a porta à memória, umas felizes, outras de terror, outras, ainda, inacessíveis à mente, há muito apagadas e sem hipótese de reconstrução a imitar a realidade que percorri.
Fecho os olhos e inspiro fundo, na esperança de as reavivar... Abro os olhos, estou do outro lado! Como? O tempo pregou-me a maior das partidas... passou por mim, pôs-me do lado de lá! Não esqueço, não posso. Inspiro uma e outra vez. Fecho a porta, é altura de ir.
O cheiro pejado de sentimentos ambíguos abre a porta à memória, umas felizes, outras de terror, outras, ainda, inacessíveis à mente, há muito apagadas e sem hipótese de reconstrução a imitar a realidade que percorri.
Fecho os olhos e inspiro fundo, na esperança de as reavivar... Abro os olhos, estou do outro lado! Como? O tempo pregou-me a maior das partidas... passou por mim, pôs-me do lado de lá! Não esqueço, não posso. Inspiro uma e outra vez. Fecho a porta, é altura de ir.
segunda-feira, maio 07, 2007
Bófia com estilo
Itália (Lamborghini - 0-100 em 3.2 segundos - 310Km/h)
Alemanha (Porsche - 0-100 em 4,3 segundos - 310Km/h)
Japão (Mitsubishi - 0-100 em 4 segundos - 270Km/h)
Inglaterra (Lotus - 0-100 em 4 segundos - 300Km/h)
França (Peugeot - 0-100 em 6 segundos - 250Km/h) Cheira-me a montagem, ainda por cima má...
Suíça (Audi TT - 0-100 em 7 segundos - 220Km/h)
E, claro... Portugal (UMM 0-100 nunca na vida - 1Km/h)
sexta-feira, maio 04, 2007
terça-feira, abril 24, 2007
Pergunta pertinente/otária
Porque lavamos as toalhas de banho se nos limpamos depois de estarmos lavados?
terça-feira, abril 03, 2007
sexta-feira, março 30, 2007
Mensagem ao país
Em tempos de grandes debates acerca de grandes portugueses, de resultados preocupantes para uns e celebrados por outros; Em tempos de cartazes de gosto duvidoso e de grafitis em cima dos mesmos, aqui fica a reflexão:
quarta-feira, março 28, 2007
"Enquanto Salazar dormia..."
"Lisboa, 1941. Um oásis de tranquilidade numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial. Os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários e actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância. (...) Um mundo secreto e oculto, onde as coisas aconteciam "enquanto Salazar dormia", como dizia Michael, o grande amigo de Jack, também ele um espião do MI6.
Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40."
"Enquanto Salazar dormia..." é um livro que nos arranca do plano secundário, ao qual nós, portugueses, nos habituámos, projectando Lisboa da década de 40 para o palco dos acontecimentos mundiais da época. Com bastante picante, romance, aventura e suspense, junta vários elementos-chave, resultando num livro em tudo consistente e cheio de substância.
Desde as referências à vila, até às descrições da Lisboa que também hoje percorremos, atribui uma tridimensionalidade ao mundo que conhecemos e vislumbramos quotidianamente.
Aconselho, portanto.
Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40."
"Enquanto Salazar dormia..." é um livro que nos arranca do plano secundário, ao qual nós, portugueses, nos habituámos, projectando Lisboa da década de 40 para o palco dos acontecimentos mundiais da época. Com bastante picante, romance, aventura e suspense, junta vários elementos-chave, resultando num livro em tudo consistente e cheio de substância.
Desde as referências à vila, até às descrições da Lisboa que também hoje percorremos, atribui uma tridimensionalidade ao mundo que conhecemos e vislumbramos quotidianamente.
Aconselho, portanto.
segunda-feira, março 26, 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)