terça-feira, setembro 26, 2006

Exmos Senhores Líderes Islâmicos

Escrevo-vos na condição de cidadão do mundo. O choque cultural a que foram e, presentemente, estão sujeitos, baseado numa reordenação geopolítica do Médio Oriente postulada maioritariamente por sucessivas administrações governamentais americanas, é, para vós, uma causa justa de defesa da própria cultura. Durante muitos anos e até presentemente se confunde libertação com aculturação nas intervenções que se fazem nesta parte do mundo. O modo como, na minha opinião, devem combater este fenómeno prende-se com a dissolução da generalização de que o terrorismo é o Islão, evitando o tomar da parte pelo todo, "combatendo" no Ocidente não esclarecido a crença errada de que os islâmicos são potenciais terroristas, cada um uma arma latente à espera do despoletar do chamamento para a "Jihad". Penso que, entre os elementos esclarecidos deste credo, esta área assume-se como primordial em termos de intervenção face ao Ocidente.
Ora, a resposta (em muitos casos governamental) que muitos líderes efectuaram face às declarações do Papa Bento XVI levaram-nos no sentido oposto deste falado anteriormente. O legado deixado pelo Papa João Paulo II, em termos do diálogo Ecuménico, é inequívoco e incontornável. Usou-se o discurso Papal como mais uma oportunidade de vincar ainda mais as diferenças entre Ocidente e Médio Oriente. Qualquer pessoa que acompanhe o evoluir dos acontecimentos dentro da Cúria Romana sabe que este pontíficado não entrará em cisão com o anterior e que se assume como um pontíficado de transição e continuidade.
Relativamente ao Papa, relembrando que vos escrevo como cidadão do mundo e não como religioso, devo dizer que foi ingénuo num ponto em que não o pode ser. A sua ingenuidade processou-se ao nível da distinção de papéis entre o de Professor e o de Papa. Quando Ratzinger fez as declarações estava a discursar numa faculdade na sua terra natal (salvo erro). O seu discurso é, claramente, o discurso de um tutor e teólogo e o seu erro foi o de citar uma parte de um diálogo entre Imperador Bizantino e estudioso Persa sobre religião e violência. Claramente esqueceu-se que as vestes Papais não se despem a partir do momento em que se vestem pela primeira vez. É um cargo que obecede, como tantos outros cargos de tão grande exposição, a um controlo acentuado ao nível das declarações que se fazem. Controlo esse que não existiu.A política do Vaticano, desde uma certa altura, é uma política de paz e diálogo e não o contrário. Se esperam ver a figura Papal ao lado dos "cruzados Ocidentais" enganam-se, porque isso não irá acontecer. Como, aliás, ficou provado pela "ofensiva" diplomática por ele desencadeada. Apostem na educação do povo islâmico no sentido da dignificação da sua religião e não caiam no erro de, através da retaliação às declarações do Papa, confirmar o que o mesmo disse.
Sem outro assunto de momento e agradecendo, desde já, a atenção
Foka_bock

terça-feira, setembro 19, 2006

Mais vale dormir ou trabalhar

O estado das manhãs televisivas em Portugal. Sentem esse arrepio que sobe pelas costas acima? A sua razão baseia-se na imagem residual, presente nos vossos cérebrozinhos, de um Jorge Gabriel ou de um Manuel Luís Goucha saído do armário. Claro que algumas mentes imaginam o mesmo Manuel Luís Goucha mas com um rolo da massa espetado no cú... bom, sobre isso falarei noutro post. Não posso deixar de comunicar o meu profundo pesar pela morte da qualidade no horário matinal na televisão nacional. Hoje surgiu a oportunidade de visionar, por alto (de outra forma teria atrofiado os meus neurónios já de si confusos), os 3 programas oferecidos no horário mencionado. Por onde poderei começar???? No primeiro canal deparei-me com um Jorge Gabriel "igual a si mesmo", o maior lambe-botas da televisão Portuguesa, parvo nas intervenções que faz e com a ideia, incutida por alguém, penso eu, que tem muita piada e que provoca surtos de risos nos seus espectadores. Ridículo! Nem vou mencionar a sua companheira, Sónia qualquer coisa... talvez importe dizer que deve ter subido "a pulso" neste mundo que apenas privilegia quem tem, não talento, mas os conhecimentos certos.

A sic... um espectáculo de comiseração humana, talvez "O" espectáculo de comiseração humana. À frente da camera uma apresentadora de olhos embargados pela dor e uma ou, nos dias bons, duas criancinhas deficientes. Pronto, temos programa até à uma da tarde! Querem que aponte o dedo ao principal responsável pela depressão generalizada no nosso País? FÁTIMA LOPES! Obrigado por isso Fátima... À medida que enfiam uma estrutura metálica nas perninhas da criancinha de modo a poder, dali em diante, usar a casa-de-banho sozinha (Fátima Lopes verte uma ou outra lágrima a bem das audiências), caminhamos no fim do programa para uma rubrica intitulada "Tertúlia Côr-De-Rosa", que, por acaso ou nem por isso, é a côr preferida de um dos seus participantes: Cláudio Ramos. Meus amigos, não se enganem, aquela gente faz vida daquilo... é um selo de ouro no fim do programa. Só falam merda, atrás de merda, atrás de merda, mas com convicção e profissionalismo, que é o que assusta... eles falam a sério. Ridículo! Além do gajo ventríloquo, o do pato...

E a TVI... a TVI, um rabiló recalcado junta-se a uma saloia lá da santa terrinha com um riso capaz de partir o vidro mais resistente. Uma fortuna em isolamentos de cortiça no estúdio. Pelos vistos ainda há empresas em Portugal que não implementam cortes orçamentais. A isto junta-se uma Lili Caneças a "bitaitar" sobre as declarações recentes do Papa... medíocre! A análise filosófica surge, melhor do que a de Nietzsche: Deus está, realmente, morto... porque não fulminou, de imediato e em directo, a loura de 345 anos de idade (mas com uma pele de 157).

Bottom line: Ridículo... e acho que acordei um bocado irritado.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Um sonho de saudade

Há várias características intrínsecas ao povo do meu País. A sua integração no estado de espírito geral das pessoas que o habitam e vivem nem sempre é positiva, no entanto o sonho e a saudade fazem parte do inconsciente colectivo Português, resultando, também, na fertilidade da arte e são, indubitavelmente, riquezas culturais incrustadas em nós.

Afinal, foi o sonho que levou os Portugueses à formação de um império onde o Sol nunca se punha (falando do sonho e integrando o saudosismo, vêem como é inevitável), "a vislumbrar um destino que não cabe na terra-mãe"(M.A.F.). Foi o sonho que comandou a vida, quando se revelava o único plano de verdadeira liberdade... concretizada mais tarde. O sonho pode, realmente, ser o plano experimentalista necessário à consequente acção.

"O MEU PASSADO É TUDO QUANTO NÃO CONSEGUI SER. NEM AS SENSAÇÕES DE MOMENTOS IDOS ME SÃO SAUDOSAS: O QUE SE SENTE EXIGE O MOMENTO; PASSADO ESTE HÁ UM VIRAR DE PÁGINA E A HISTÓRIA CONTINUA, MAS NÃO O TEXTO". Fernando Pessoa

São estes conceitos que me fascinam e continuarão a fascinar no imaginário Português. A saudade que o fadista traz na voz embargada... "nos lábios a queimar de beijos, que beijam o ar e mais nada...", nesta placa de rua, entre roupas e uma bandeira...

A saudade que se faz sentir nos pequenos movimentos de alguém, acender um cigarro, levantar-se para ir ao banho na praia... A saudade que inspira à poesia de quem teve e agora, ainda que momentaneamente, não tem, a saudade portuguesa no geral e minha em particular...

quarta-feira, setembro 13, 2006

"o mundo inteiro cabe numa cidade"

Na cidade encontro paz... uma paz de cimento, de grandeza, uma "janela indiscreta" para as vidas que me rodeiam... aki fica a minha cidade:


terça-feira, setembro 12, 2006

Ai Verão que já lá vais...

Acordar às tantas e cambalear até à praia, sempre em frente em direcção à aspirina (mergulho nas águas fresquinhas); a praia pejada de corpos amorfos, em estilo "Hospital de Campanha", e uma ou outra fétida necessidade biológica (cortesia do Antónis); a eficiência da Mónica (e ficamos por aki) na apressada corrida que traz as coca-colas... com gelo e limão, bem entendido; a imperial de fim de tarde que em dois golos desaparece para mal dos fígados e carteiras de quem a procura; noite, copos, "same drill"... pó ano há mais! A boa notícia: de volta às arenas.