segunda-feira, setembro 10, 2007

O bacalhau da discórdia

Sempre gostei desta estória. Não se aplica exclusivamente ao sistema conjugal. Creio que é abrangente às relações humanas. Quanto maior a intimidade, maior a probabilidade de se verificar.

Caricaturando com o exemplo da mulher que «pensa que sabe» que o marido adora bacalhau, porque nos primeiros tempos de casados fez grandes elogios ao «seu» bacalhau com natas. Ao longo dos 20 anos de casados «foi-lhe fazendo», frequentemente, pratos de bacalhau. Até que um dia, no meio de uma discussão, o marido explode: "Estou farto de tudo, principalmente de bacalhau"; resposta da mulher: "Mas tu adoras bacalhau, que eu sei; dizes isso só para me aborreceres!"; surpresa do marido: "Adoro?! Detesto, sempre detestei!"; ela: "Mas nunca o disseste, nunca te queixaste..."; ele: "Não te queria contrariar nos teus gostos: achava que quem adorava bacalhau eras tu!"; conclusão da mulher: "Pois então fica sabendo que também eu detesto bacalhau. Comi-o muitas vezes, todos estes anos, para te agradar!".
in Relvas, "O Ciclo Vital da Família - Perspectiva Sistémica"



Este tipo de equívoco comunicacional (A não-comunicação na comunicação) tem tanto de humor como de inevitabilidade. Tomar consciência deste fenómeno e contrariá-lo faz de nós pessoas mais adaptadas ao que os outros esperam que façamos.

Bottom line: Comuniquem, não tenham medo de se repetir.