Ora, a resposta (em muitos casos governamental) que muitos líderes efectuaram face às declarações do Papa Bento XVI levaram-nos no sentido oposto deste falado anteriormente. O legado deixado pelo Papa João Paulo II, em termos do diálogo Ecuménico, é inequívoco e incontornável. Usou-se o discurso Papal como mais uma oportunidade de vincar ainda mais as diferenças entre Ocidente e Médio Oriente. Qualquer pessoa que acompanhe o evoluir dos acontecimentos dentro da Cúria Romana sabe que este pontíficado não entrará em cisão com o anterior e que se assume como um pontíficado de transição e continuidade.
Relativamente ao Papa, relembrando que vos escrevo como cidadão do mundo e não como religioso, devo dizer que foi ingénuo num ponto em que não o pode ser. A sua ingenuidade processou-se ao nível da distinção de papéis entre o de Professor e o de Papa. Quando Ratzinger fez as declarações estava a discursar numa faculdade na sua terra natal (salvo erro). O seu discurso é, claramente, o discurso de um tutor e teólogo e o seu erro foi o de citar uma parte de um diálogo entre Imperador Bizantino e estudioso Persa sobre religião e violência. Claramente esqueceu-se que as vestes Papais não se despem a partir do momento em que se vestem pela primeira vez. É um cargo que obecede, como tantos outros cargos de tão grande exposição, a um controlo acentuado ao nível das declarações que se fazem. Controlo esse que não existiu.A política do Vaticano, desde uma certa altura, é uma política de paz e diálogo e não o contrário. Se esperam ver a figura Papal ao lado dos "cruzados Ocidentais" enganam-se, porque isso não irá acontecer. Como, aliás, ficou provado pela "ofensiva" diplomática por ele desencadeada. Apostem na educação do povo islâmico no sentido da dignificação da sua religião e não caiam no erro de, através da retaliação às declarações do Papa, confirmar o que o mesmo disse.
Sem outro assunto de momento e agradecendo, desde já, a atenção
Foka_bock
2 comentários:
O que escreves aos líderes Islâmicos, assume uma considerável dose de racionalidade. Não nego que muitos a possuam, mas quanto aos radicais dos radicais, aqueles que apenas acreditam na palavra revelada (o que consiste exacta e declaradamente numa negação da racionalidade) não terás sucesso. Mesmo que viessem a ler a tua missiva, não a entenderiam, pura e simplesmente. Os axiomas básicos da sua cognição rapidamente se incompatibilizariam com o fio condutor que propões, afastando rapidamente estes pensamentos e resvalando (de novo) para o papagueamento da (omnipotente) palavra revelada.
Esquecendo as tretas do costume sobre os americanos (responsáveis por todo o mal no mundo), o que foi que o Papa disse que pudesse ofender quem quer que seja?
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