Joaquim Dias Afonso, um homem de riso fácil, afectuoso e respeitador da liberdade individual de todos, demonstrando-o todos os fins-de-semana no seu estabelecimento apinhado de gentes de todas as idades. Sabia dar-se ao respeito como ninguém, numa perspectiva de "live and let live", como um proprietário octogenário da restauração tão bem deveria fazer... os anos de experiência acumulada resultavam num equilíbrio perfeito entre o contexto pessoal, de amizades sedeadas na sua casa (lá viveu e lá nasceu) e o contexto comercial, de casa aberta ao público. Não tolerava faltas de respeito, nem devia tolerar... nem os seus amigos deixavam que tal acontecesse, arregalando quase imediatamente os olhos quando uma conversa ao balcão subia de tom.
Na sua "casa", na Rua da Misericórdia, nº3, vulgo lebre, recebia dois contextos tão diferentes e de cuja diversidade se alimentava, a casa e respectivo dono. Muitas vezes vi-o a dormitar durante a tarde, lá ao fundo no privado, aproveitando a ajuda pronta de alguns amigos, para (desconfio) apresentar o máximo possível de forças aquando da chegada da sua juventude, nós! O gosto pela sua rede social mais jovem transparecia-lhe nos olhos, nos abraços que não dispensava... Ó Quim, os abraços que me davam a certeza de ter chegado à terrinha nas sextas-feiras de sedes incontroláveis, pela bebida e pela confraternização aí, onde te encontravas... aqueles abraços fortes, que ainda sinto.
Esta relação mantida com os jovens não tinha sentido único. Quero acreditar que também lhe demos muitas alegrias, muita companhia, nas noites frias de Inverno, quando a rua é palco apenas da dança da chuva. Os seus anos, o ano passado, a memória de uma festa que se revelou última, de celebração da sua existência... é verdade Clarinha, ainda bem que a fizemos... Era assim, este amigo que ficará para sempre na memória colectiva de um grupo de pessoas, que será sempre motivo de união nas mesmas, um mesmo carinho pela mesma pessoa, que, após desaparecer, nos une ainda mais neste ponto. Obrigado por isso!
Fica em paz amigo... vou sentir a tua falta...
terça-feira, maio 30, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Ainda bem, MESMO, que fizemos a festa d'anos, recordo esse dia com grande alegria e senti que o Quim estava muito feliz :)
Esses bons momentos ficarão bem guardados e serão relembrados com carinho e saudade.
Disseste o que eu não consegui. Tocou.
Andava aqui na cusquice dos blogs e ver estas fotos... sinto-me do tamanho de uma formiga!Adoro o Quintina ele convive diáriamente no meu coração...
Enviar um comentário