quinta-feira, outubro 18, 2007
Triste Fado
Diz, quem sabe, que "O fado nasceu um dia,/ quando o vento mal bulia/ e o céu o mar prolongava,/ na amurada dum veleiro,/ no peito dum marinheiro/ que, estando triste, cantava". Em mim, o fado nasceu do querer e não ter, nasceu de uma existência pequena demais para uma consciência que teimava, dolorosamente, em sair. Nasceu de uma Lisboa, aguarela de fim-de-tarde, de um amarelo dourado abraçando o tejo. Nasceu de uma tristeza intrínseca que se enamorou por uma voz que a espelhava, escape que a vida não acalentava, expressão que as palavras, só por si, não permitiam.
Na rua do Capelão, imersa na dor da distância, alguém fez uma jura: "Se o meu amor vier cedinho,/ eu beijo as pedras do chão/ que ele pisar no caminho.", tão sincera, tão desesperada que não era possível não a ouvir, por mais ensurdecedora que fosse a azáfama à volta. Afinal, "todos nós temos Amália na voz/ e temos na sua voz/ a voz de todos nós"...
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3 comentários:
"Viver abraçada ao Fado/ Morrer abraçada a Ti..."
Ao longe, perto do balcão duas guitarras discutiam o preço do tremoço.... e nessa noite o vinho dormiu abraçado a mim.
PWFH, isso já parece o "fado sem pés nem cabeça" dos Irmãos Catitas!!!
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